7 de jun. de 2012







Espero-te num poema 
que não fale de pássaros 
nem de borboletas, 
onde a noite não tem estrelas 
nem as ondas do mar beijam a areia.

Espero-te sem arco-íris
ou fénix renascida,
sem o vento a fustigar a copa das árvores,
as sombras caladas nas paredes,
sorrisos distorcidos pelos espelhos
ou janelas viradas para a linha do horizonte.

Espero-te sem palavras
que falem da lua,
do pôr-do-sol,
das cordas de uma harpa
ou do madrepérola
dos botões dum acordeão.

Espero assim,
como da primeira vez que te vi
e em que um único beijo nos prendeu.

Espero-te tal como és
sem artifícios,
sem poses ensaiadas,
sem cobrar o meu silêncio
ou mendigar o meu corpo.

Espero-te… como és,
na simplicidade…
na tua simplicidade.

(Francisco Valverde Arsénio)