Desiderata "Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio. Tanto quanto possível sem humilhar-se, mantenha-se em harmonia com todos que o cercam."Fale a sua verdade, clara e mansamente. "Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história. "Evite as pessoas agitadas e agressivas : elas afligem o nosso espírito. Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você : isso o tornaria superficial e amargo. "Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar. Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos. "Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas. Mas não fique cego para o bem que sempre existe. Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo. "Seja você mesmo. "Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor n'uma brincadeira, pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva. "Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude. "Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa. Não se desespere com perigos imaginários : muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.* "Ao lado de uma sadia disciplina conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade. "Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino. "Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der. No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz. "Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito. "Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade." Desiderata - do Latim "Desideratu" : aquilo que se deseja, aspiração. Este texto foi encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, datado de 1692. * Este trecho do texto foi inserido na música "Há Tempos", no álbum "As Quatro Estações" do grupo Legião Urbana. | |
6 de fev. de 2011
MISTÉRIO
Há vozes dentro da noite que clamam por mim,
Há vozes nas fontes que gritam meu nome.
Minha alma distende seus ouvidos
E minha memória desce aos abismos escuros
Procurando quem chama.
Há vozes que correm nos ventos clamando por
[ mim.
Há vozes debaixo das pedras que gemem meu
[ nome
E eu olho para as árvores tranqüilas
E para as montanhas impassíveis
Procurando quem chama.
Há vozes na boca das rosas cantando meu nome
E as ondas batem nas praias
Deixando exaustas um grito por mim
E meus olhos caem na lembrança do paraíso
Para saber quem chama.
Há vozes nos corpos sem vida,
Há vozes no meu caminhar,
Há vozes no sono de meus filhos
E meu pensamento como um relâmpago risca
O limite da minha existência
Na ânsia de saber quem grita.
De Cantos da Angústia (1948)
REPOUSO
Dá-me tua mão
E eu te levarei aos campos musicados pela
[ canção das colheitas
Cheguemos antes que os pássaros nos disputem
[ os frutos,
Antes que os insetos se alimentem das folhas
[ entreabertas.
Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo
[ agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.
Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito
[ amada.
De As Fronteiras da Quarta Dimensão (1951)
Há vozes dentro da noite que clamam por mim,
Há vozes nas fontes que gritam meu nome.
Minha alma distende seus ouvidos
E minha memória desce aos abismos escuros
Procurando quem chama.
Há vozes que correm nos ventos clamando por
[ mim.
Há vozes debaixo das pedras que gemem meu
[ nome
E eu olho para as árvores tranqüilas
E para as montanhas impassíveis
Procurando quem chama.
Há vozes na boca das rosas cantando meu nome
E as ondas batem nas praias
Deixando exaustas um grito por mim
E meus olhos caem na lembrança do paraíso
Para saber quem chama.
Há vozes nos corpos sem vida,
Há vozes no meu caminhar,
Há vozes no sono de meus filhos
E meu pensamento como um relâmpago risca
O limite da minha existência
Na ânsia de saber quem grita.
De Cantos da Angústia (1948)
REPOUSO
Dá-me tua mão
E eu te levarei aos campos musicados pela
[ canção das colheitas
Cheguemos antes que os pássaros nos disputem
[ os frutos,
Antes que os insetos se alimentem das folhas
[ entreabertas.
Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo
[ agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.
Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito
[ amada.
De As Fronteiras da Quarta Dimensão (1951)
ESCULTURA
Eu já te amava pelas fotografias.
Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos,
Pelo teu olhar vago e incerto
Como o dos que não pararam no riso e na
[ alegria.
Te amava por todos os teus complexos de
[ derrota,
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos
[ atletas
E até pela indecisão dos teus gestos sem
[ pressa.
Te falei um dia fora da fotografia
Te amei com a mesma ternura
Que há num carinho rodeado de silêncio
E não sentiste quantas vezes
Minhas mãos usaram meu pensamento,
Afagando teus cabelos num êxtase imenso.
E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar
Toda uma existência trabalhada pela força
[ e pela angústia
Que a verdade da vida sempre pede
E que interminavelmente tens que dar!...
De A Mulher Ausente (1940)
Eu já te amava pelas fotografias.
Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos,
Pelo teu olhar vago e incerto
Como o dos que não pararam no riso e na
[ alegria.
Te amava por todos os teus complexos de
[ derrota,
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos
[ atletas
E até pela indecisão dos teus gestos sem
[ pressa.
Te falei um dia fora da fotografia
Te amei com a mesma ternura
Que há num carinho rodeado de silêncio
E não sentiste quantas vezes
Minhas mãos usaram meu pensamento,
Afagando teus cabelos num êxtase imenso.
E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar
Toda uma existência trabalhada pela força
[ e pela angústia
Que a verdade da vida sempre pede
E que interminavelmente tens que dar!...
De A Mulher Ausente (1940)
POEMA NATURAL
Abro os olhos, não vi nada
Fecho os olhos, já vi tudo.
O meu mundo é muito grande
E tudo que penso acontece.
Aquela nuvem lá em cima?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Ontem com aquele calor
Eu subi, me condensei
E, se o calor aumentar, choverá e cairei.
Abro os olhos, vejo um mar,
Fecho os olhos e já sei.
Aquela alga boiando, à procura de uma pedra?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Cansei do fundo do mar, subi, me desamparei.
Quando a maré baixar, na areia secarei,
Mais tarde em pó tomarei.
Abro os olhos novamente
E vejo a grande montanha,
Fecho os olhos e comento:
Aquela pedra dormindo, parada dentro do
[ tempo,
Recebendo sol e chuva, desmanchando-se ao
[ vento?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
De Poemas (1937)
Abro os olhos, não vi nada
Fecho os olhos, já vi tudo.
O meu mundo é muito grande
E tudo que penso acontece.
Aquela nuvem lá em cima?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Ontem com aquele calor
Eu subi, me condensei
E, se o calor aumentar, choverá e cairei.
Abro os olhos, vejo um mar,
Fecho os olhos e já sei.
Aquela alga boiando, à procura de uma pedra?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Cansei do fundo do mar, subi, me desamparei.
Quando a maré baixar, na areia secarei,
Mais tarde em pó tomarei.
Abro os olhos novamente
E vejo a grande montanha,
Fecho os olhos e comento:
Aquela pedra dormindo, parada dentro do
[ tempo,
Recebendo sol e chuva, desmanchando-se ao
[ vento?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
De Poemas (1937)
Assinar:
Postagens (Atom)